Espiritismo e Lar

Victor Rebelo, No Vale dos Drogados


No Vale dos Drogados 

Certa noite, já de madrugada, percebi que estava projetado fora do corpo em um pântano escuro e tenebroso. 

Não sei como fui parar lá, mas com certeza fui levado pelos amparadores espirituais, pois participei de um trabalho de assistência extrafísica. 

O que mais me surpreendeu não foi o local, mas os espíritos que encontrei lá. Conforme caminhava, ia passando por vários jovens desencarnados caídos naquele chão imundo. Escutava gemidos e uma energia de medo e dor vibrava no ambiente. 

Muitos espíritos puxavam minhas pernas, outros estavam completamente atordoados, indiferentes à minha presença. 

Andei um pouco por aquela multidão de infelizes. Todos pareciam ainda estar sob o efeito das drogas, completamente sugados em sua vitalidade, sem forças para se levantar. 

Em determinado momento, senti a necessidade de me sentar no chão, mesmo sem saber ao certo o motivo. 

Logo que fiz isso, uma jovem aparentando uns 19 anos, loira, aproximou-se de mim muito amedrontada. Não sabia onde estava nem o que estava acontecendo. 

Sentou-se ao meu lado e me abraçou, na ânsia de se proteger daquilo tudo. Não sei quanto tempo ela ficou abraçada em mim. Na verdade, a percepção do tempo varia de acordo com o plano em que nos manifestamos. 

Só sei que fui me sentindo cada vez mais fraco, até perder a consciência e despertar no corpo físico. 

O que aconteceu é fácil de entender. Fui levado pelos amparadores à uma região umbralina onde muitos espíritos que desencarnaram devido ao uso de drogas estavam reunidos, de acordo com a lei de afinidade. 

Muitos espíritos ainda ficam sob o efeito de drogas devido à ligação energética que têm com seus corpos e com a
energia de determinada droga. 

Suas mentes estão cristalizadas no vício, fazendo com que fiquem por tempo indeterminado naquelas regiões. 

Mas alguns, devido ao próprio carma ou a uma vontade sincera, se encontram em condições de sair desses lugares e buscar apoio nos hospitais extrafísicos. Era o caso daquela jovem. 

É bem provável que ela tivesse desencarnado por overdose recentemente e por isso, seu corpo astral estava muito denso. 

Como se encontrava fraca, somente alguém encarnado, temporariamente afastado do corpo poderia doar energia vital mais densa, para que ela pudesse ser tratada posteriormente pelos amparadores, que devido ao plano de manifestação, irradiam energias mais sutis. 

É claro que nem todos os espiritos que desencarnam sob o vício das drogas se dirigem a este vale. Cada caso é um caso. Tudo é uma questão de afinidade.


Victor Rebelo, No Vale dos Drogados
Revista Cristã de Espiritismo, edição 32