Espiritismo e Lar

Estudando a Mediunidade, Obsessões

Obsessões


Na atualidade os grupos mediúnicos estão sendo convocados a intensa atividade no setor das desobsessões, tendo em vista a avalancha de casos dolorosos que se verificam em toda a parte.

Tem-se mesmo a impressão de que as forças da sombra, aproveitando-se da invigilância dos encarnados, desfecham verdadeiro assalto à cidadela terrestre, exigindo que os centros espirituais se desdobrem no esforço assistencial.

Desde a obsessão simples até a possessão avançada. grande número de criaturas, abrindo brechas na mente e no coração, pelas quais se infiltram os desencarnados menos esclarecidos, cujas almas extravasam rancor e vingança, se vêem a braços com o perigoso e cruel assédio de Espíritos com que se acumpliciaram no pretérito.

Desenvolvamos o estudo das obsessões através do seguinte gráfico, o qual, convém esclarecer, deve ser considerado como expressão genérica do fenômeno:

FASES DA OBSESSÃO = Fascinação = {Ilusão produzida pela açãn direta do Espírito sobre o pensamento do médium, perturbando-lhe o raciocínio. {Subjugação = {Domínio moral do Espírito sobre o encarnado, controlando-lhe a vontade. {Posseção = Imantação do Espírito a determinada pessoa, dominando-a física e moralmente.

OBSESSÃO = (Sua definição) {Ação pela qual Espíritos Inferiores influenciam, maleficamente, os encarnados.

CAUSAS HABITUAIS = {Vingança, desejo do mal, orgulho de falso saber, leviandade, prevenções religiosas, paixões, etc.

OBSESSÃO SIMPLES = {Ação eventual dos Espíritos sobre os encarnados. {Espíritos Sem Real. Expressão de maldade.

Não nos deteremos, por enquanto, no problema da Fascinação, situado, logicamente, como ponto de partida da maioria das obsessões, o que faremos mais adiante, no Capítulo próprio, uma vez que as observações do livro ora em estudo nos despertam para a amplitude do tema.

Repetiremos, apenas, a indicação gráfica: Fascinação é a influência, sutil e pertinaz, traiçoeira e quase imperceptível, que Espíritos vingativos exercem sobre o indivíduo objeto de suas vinditas. Se o encarnado facilita

O acesso do Espírito ao seu psiquismo, ele se irá infiltrando lentamente, realizando um trabalho subterrâneo de hipnotização mental. Um dia, quando quisermos abrir os olhos, a penetração já se fêz tão profunda que o afastamento se tornará difícil.

No princípio são, simplesmente, as atitudes excêntricas, o fanatismo e a singularidade.

Depois a ação magnética se estenderá até os centros nervosos, e o domínio, psíquico e corporal, se acentua de tal modo que a pessoa não dispõe mais da vontade, para comandar a própria vida.

Os psiquiatras, sem dúvida na sua generalidade, não terão dificuldade em preencher, nos ambulatórios especializados, a ficha de mais um doente mental, a fim de submetê-lo ao internamento e ao eletrochoque indiscriminado.

Para os espíritas será, apenas, uma criatura que menosprezou a Lei do Amor no pretérito, contraindo, em consequência disto, sérios compromissos que permaneceram no Tempo e no Espaço, e que, defrontando-se na presente reencarnação com os comparsas de terríveis dramas, não teve a força precisa para fechar-lhes as portas da «casa mental», sofrendo, hoje, a incursão incômoda e muitas vezes cruel.

Reportemo-nos ao caso do enfermo que aparece, no capítulo 9º, com o nome de Pedro.

Entreguemos, assim, a palavra ao Assistente Áulus a fim de que suspenda uma ponta do véu que encobre o passado do doente: «A luta vem de muito longe.

Não dispomos de tempo para incursões no passado, mas, de imediato, podemos reconhecer o verdugo de hoje como vítima de ontem.

Na derradeira metade do século findo, Pedro era um médico que abusava da missão de curar.
Uma análise mental particularizada identificálo-ia em numerosas aventuras menos dignas.
O perseguidor que presentemente lhe domina as energias era-lhe irmão consanguíneo, cuja esposa nosso amigo doente de agora procurou seduzir.

Para isso, insinuou-se de formas diversas, além de prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e sociais, até incliná-lo à internação num hospício, onde estacionou, por muitos anos, aparvalhado e inútil, à espera da morte. »

Eis, aí, um drama doloroso que, sem a menor sombra de dúvida, se repete aos milhares em todas as camadas sociais.

Se pudéssemos vislumbrar o nosso e o passado de quantos buscam, nos centros espíritas, a solução de seus problemas físicos e psicológicos, identificar-nos-íamos, diàriamente, com um número incalculável de casos semelhantes.

De maneira geral, penalizamo-nos sômente do encarnado, a quem, impensadamente, situamos como vítima.

O carinho dos médiuns centraliza-se, quase sempre, no companheiro que bateu à porta do Centro. Os componentes do grupo, com honrosas exceções, também se compadecem, quase que exclusivamente, dos encarnados.

Entretanto, o conhecimento doutrinário, fruto de estudo e meditação, tem o dom de despertar, igualmente, os nossos cuidados e atenção para os habitantes do mundo espiritual.

A observação de casos iguais ao de Pedro compele-nos, certamente, a polarizarmos as melhores vibrações para aqueles que, por não se terem ajustado ainda à Lei do Amor, insistem em fazer justiça com as próprias mãos.

Quantos de nós, que hoje transitamos pelo mundo guardando relativo equilíbrio, deixamos no ontem desconhecido uma vertente de lágrimas e aflições, um oceano de amargura, como antigas personagens de crimes inomináveis, em nome da fé ou do amor menos digno, nos quais fizemos companheiros do caminho sorverem, até àúltima gota, a taça de fel de indescritíveis sofrimentos, derruindo-lhes, impiedosamente, a paz e a felicidade!

 Não é justo, pois, olhemos carinhosamente para os desencarnados que reencontram os verdugos, a fim de que, uns e outros, envolvidos pelas nossas vibrações de fraternidade, possam ser amparados em nome da Divina Compaixão?
Fechar a porta do nosso coração, pela indiferença ou pela hostilidade, aos desencarnados, é como se expulsássemos dos umbrais de nossa casa, em noite tempestuosa, o faminto e o trôpego, o doente e o nu, que, palmilhando, cegos e desorientados, as ruas da incompreensão, nos estendessem, súplices, as mãos esquálidas.

Nunca ajudaremos um Espírito endurecido no ódio, menosprezando-o ou ridicularizando-o. Não será pela ironia ou pelo acinte, que o ajudaremos.
Nunca e nunca. Não será pelo desapreço à sua desventura, que lhe conquistaremos a confiança; não será desse modo que lhe converteremos a alma enferma numa ânfora onde coloquemos o licor da Esperança, consagrando, felizes, entre vítimas e verdugos, as núpcias da reconciliação.
Nunca e nunca.

Restituamos, mais uma vez, a palavra ao Assistente Áulus, a fim de conhecermos mais um pouquinho da vida pregressa do cavalheiro doente que, «na pequena fila de quatro pessoas que haviam comparecido à cata de socorro, parecia incomodado, aflito... » e que, instantes depois, sob a influência do verdugo, «desfecha um grito agudo e cai desamparado».

Acompanhemos o sofrimento do irmão ultrajado: «Desencarnando e encontrando-o na posse da mulher, desvairou-se no ódio de que passou a nutrir-se. Martelou-lhes, então, a existência e aguardouos, além-túmulo, onde os três se reuniram em angustioso processo de regeneração.

A companheira, menos culpada, foi a primeira a retornar ao mundo, onde mais tarde recebeu o médico delinqüente nos braços maternais, como seu próprio filho, purificando o amor de sua alma, O irmão atraiçoado de outro tempo, todavia, ainda não encontrou forças para modificar-se e continua vampirizando-o, obstinado no ódio a que se rendeu impensadamente. »

E, ante a surpresa de André Luiz, continuou: «Ninguém ilude a justiça. As reparações podem ser transferidas no tempo, mas são sempre fatais.» Não podemos reprimir o entusiasmo ante as luzes que o livro “Nos Domínios da Mediunidade” trouxe aos espiritistas, particularmente em face do complexo e delicadíssimo problema do mediunismo e da sua prática.

É um livro que chegou, como não podia deixar de ser, na hora oportuna.
A Espiritualidade viu as nossas necessidades, nesse setor. Anotou-nos as deficiências e precariedades, os abusos e a exploração inferior.
Verificou os rumos que os trabalhos tomavam, como se tivéssemos olvidado os conselhos e as diretrizes inseridos nos luminosos trabalhos do Codificador, completados pelos seus eminentes continuadores, especialmente Léon Denis.

 E o livro foi psicografado, exaltando o serviço mediúnico por abençoada sementeira de luz e fraternidade.
Em face de problemas tão sérios, que se repetem aos milhares, saberemos todos nós, dirigentes de sessões e médiuns, ser mais comedidos em nossas afirmativas de solução para os intrincados problemas com que se defrontam os grupos mediúnicos.
Mesmo que se trate de obsessão simples», decorrente de transitória influenciação de Espíritos desocupados, sem real expressão de maldade, a prudência e o bom-senso aconselham moderação nos prognósticos de cura imediata, uma vez que o desequilíbrio do encarnado poderá acomodar» o hóspede na sua casa mental», por dilatado período.
E quando o encarnado age dessa maneira, quem poderá garantir a eficácia
do esforço assistencial?
Não podemos, nem devemos jamais prometer o “desenovelamento” de um drama complexo, cujo prólogo se perde na noite dos séculos ou dos milênios.

Dirigentes e médiuns esclarecidos sabem que existe uma Lei de justiça funcionando, inexorável, na estrutura das obsessões.
Sabem que as perseguições, cujas raízes se acham imersas no pretérito, pedem tempo e paciência, compreensão e amor. Exigem, ainda, esquecimento e perdão.
De posse dessa certeza, não digamos ao enfermo: — Você vai ser curado em dois meses. Falemos, simplesmente, assim: — Meu irmão, confiemos em Jesus e busquemos, com Ele, a solução do seu caso. Trabalhadores precipitados comprometem a Doutrina através de promessas insensatas.

Servidores esclarecidos contribuem, com a prudência, para o engrandecimento, cada vez maior, do ideal que nos irmana. Repitamos, ainda uma vez, com Léon Denis: “o Espiritismo será o que dele os homens fizerem.”

O caso do irmão Pedro teve o início do seu processo evolutivo com a Fascinação. Depois, à medida que ele se foi entregando, vieram a subjugação e a possessão.

O irmão ultrajado de ontem imantou-se à sua organização psíquica e somática. Comanda-lhe a mente desarvorada. Domina-lhe o corpo.

Derruba-o, fá-lo gemer e gritar. Tornou-o um epiléptico aos olhos do mundo.

Ambos receberão, se contribuírem para isso, a bênção do esclarecimento renovador.
As leituras edificantes, as palavras confortadoras e as vibrações amorosas repercutir-lhes-ão no íntimo, à maneira de suave reconforto, concitando-os ao perdão recíproco.
Se ambos abrirem, de par em par, as dobras do coração, tocados pela carinhosa advertência de Jesus, de que devemos reconciliar-nos com o adversário, enquanto estamos a meio do caminho, destruirão, sob a assistência dos protetores e com o concurso dos encarnados, os tenebrosos laços que, de forma tão lastimável, vincularam os seus destinos num turbilhão de rancor...
 Enquanto isso, a esposa invigilante de ontem abre, hoje, ao infeliz sedutor, o seio transbordante de ternura, não só para «purificação do seu amor, como também para redimi-lo...

José Martins Peralva Sobrinho, Estudando a Mediunidade, Obsessões

Extraído do Livro Estudando a Mediunidade

Obra Baseada no livro 'Nos Domínios da Mediunidade' do Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Nos Domínios da Mediunidade é um livro espírita,
psicografado pelos médiuns Francisco Cândido Xavier,
pelo espírito André Luiz.

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